Faz tempo que quero registrar minha experiência de amamentação, e nesse tempo de reflexão e reavaliação vale voltar um pouco e reviver essa história que ainda vivemos aqui em casa, uma história escrita e vivida a três: O Filhote, que sempre mamou com gosto e vontade, a Mãezona aqui, que entre tropeços e acertos vem conseguindo, ao Paizão que amamenta lado a lado, desde o início!
Amamentar, ato tão
bonito, simples e comum que não tomou maiores preocupações de
minha parte durante a gravidez.
Li, me informei,
aprendi ainda na gravidez que chupetas e mamadeiras além de
desnecessários podem atrapalhar a amamentação e assim julgava que
tudo estaria sob controle, concentrando minhas preocupações no
parto e no retorno ao trabalho após a licença maternidade. Tinha
grande preocupação em como manter a amamentação exclusiva por 6
meses tendo que voltar ao trabalho no quinto mês, mal sabia quanta
água rolaria até lá!
Tive meu desejado parto
normal, mas não natural como o planejado.
A dor das contrações
me surpreendeu e ao final de todo o trabalho de parto natural bati pé
pela analgesia, e ela foi um dos fatores (acredito que o principal)
que atrapalhou o início da amamentação.
Após o parto pedi para
colocarem filhote no meu peito, e assim foi feito, mas eu deitada, e
o bichinho cansadinho, talvez sonolento devido a analgesia, não
mamou, mas cheirou o peito, lambeu e ficou um instantinho ali, logo
indo para o berçário de onde veio algumas horas depois – perdi a
noção do tempo, pois dormi.
No quarto comigo, foi
direto para o peito, lá ficava pendurado.
Mas eu cansada fui
descuidando da pega, muito peito do jeito que ele pegasse.
Já em casa, na
primeira noite filhote chorou muito, talvez a pega incorreta não
permitindo que ele mamasse o suficiente. Meu seio começou a rachar e
doer, eu amamentava mais com o peito esquerdo pois o bico do direito
estava muito invertido, dificultando ainda mais a pega. E em meio a
isso tudo uma dor de cabeça insuportável.
No dia seguinte fui ao
posto de saúde, lá passei muito mal, e fui diagnosticada com uma
enxaqueca devido a reação a analgesia, para meu filhote receita de
Nan, que marido e eu deixamos claro que não queríamos, mas pediatra
passou para “caso de necessidade”. Mas nem mamadeira tinha em
casa e não compramos o complemento.
Ao longo do dia meus
seios pioraram e a enxaqueca também, foi somente na madrugada, ao
passar mal novamente e vomitar de dor com o bebê no peito que aos
prontos me entreguei e pedi para marido trazer o complemento – isso
que era dor, dor de parto contrações são uma doce lembrança, essa
dor de cabeça que me impediu de amamentar naquele instante que dói
ainda quando lembro.
Marido trouxe os
bendidos(??) complemento e mamadeira.
Mas nem ele nem eu
tínhamos coragem de dar mamadeira ao filhote. Minha sogra alimentou
o pequeno na sala enquanto marido e eu chorávamos muito no quarto.
Nas semanas seguintes,
enquanto eu tratava os seios que estavam muito machucados, dávamos
ml de complemento e em seguida era bebê no peito. Andava pela casa
sempre sem blusa com filhote colado no colo e peito, complementando
sem desgrudar do peito – mãe e sogra segurando a barra da casa e
outras barras, momento difícil. Marido praticamente amamentava ao
meu lado.
Lá pelo segundo mês o
complemento era apenas uma muleta psicológica, pois na verdade era o
peito que agora mantinha o filhote. O esperto – mais esperto que a
mamãe aqui – sempre preferiu o peito e recusou a chupeta que em
momentos de desespero oferecemos (hoje agradeço a sabedoria do
filhote!)
Até que um dia um
pediatra nos sacudiu: “Tirem o Nan dessa criança! Um bebezão
desse tamanho, o Nan nem faz cócegas, é o leito do peito que está
mantendo esse bebê!”
Música para meus –
nossos – ouvidos! Complemento aposentado!
Do segundo mês em
diante vivenciamos a amamentação exclusiva, sempre em livre
demanda!
Ao final do quarto mês
cheguei a adaptar o pequeno a creche, ordenhava o leite que oferecia
em copinho de treinamento. O Filhote até se adaptou, nunca reclamou
de nada para mim, mas eu não me adaptei e a volta ao trabalho durou
apenas duas semanas.
Foi quando dei o grito
de liberdade para peitos livre de ordenha, bicos, vidros, e
vivenciamos cada segundo de grude e peito!
Por volta dos 7 meses
do filhote, quando ele passou a comer mais comidinhas e deu uma
reduzida no peito ainda enfrentei um engurgitamento, bem dolorido,
mas contornamos com banhos, compressa e massagens. Passou rápido.
Um
mês após o filhote completar dois anos voltei a trabalhar.
Hoje
meu pequeno comilão de 2 anos e 9 meses ainda mama no peito, alguns
dias bem pouquinho, outros como um bebezão!
Alguns
dias canso muito dessa vida leiteira outros dias sinto saudade e
gostinho de despedida.
E
assim sigo nessa história que ainda não chegou ao fim, agora na
torcida por um desfecho mais natural possível!
Nos
momentos difíceis do início me imaginava com um bebezão grande no
peito como muito vi meu irmão e primos, essa visão do futuro me
dava coragem, essa visão se realizou! Hoje eu amamento um bebezão!
Um Gurizão!
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